Quando ela foi embora
Dentro, música. Fora, chuva. Algum lugar entre isso, ele e ela.
Distantes um palmo; de todo jeito, distantes. Dois pares de olhos fixos em algum ponto depois da neblina; gotas de chuva molhando os rostos. Entre a música abafada pelas portas de vidro e o barulho da chuva atingindo o solo, uma atmosfera de silêncio engloba o par.
Não um silêncio asfixiante ou constrangedor ou mera falta de assunto. Até porque assunto nunca faltava; eram duas pessoas tímidas, caladas, mas com muito a dizer. Conversar, algo que ele achava difícil e muitas vezes excruciantemente irritante, era algo fácil e natural de se fazer com ela. E ela... ela sabia que ele a ouvia, de verdade. Não apenas assentia com a cabeça ou fingia prestar atenção: Ele se importava.
O silêncio aqui presente é aquele que nasce quando já não há mais nada a dizer; o silêncio que surge após todas as coisas certas terem sido ditas. Um silêncio nascido da perfeição.
Até que, por mais que ambas as partes queiram adiá-las, palavras escapam e cortam o ar, dilacerando a quietude; só se pode esperar da perfeição um momento.
"Tenho que ir." Seus lábios mal se abrem, seu corpo se vira e, com pressa, caminha até a porta. Uma de suas mãos a faz deslizar.
A mão direita dele se lança à esquerda dela. Encarando os longos cabelos castanhos dela, diz:
"Não esqueça: Nós sempre teremos Londres."
Ele não pode ver, mas ela sorri.
"Te vejo em Whitechapel"
As mãos se soltam.
Distantes um palmo; de todo jeito, distantes. Dois pares de olhos fixos em algum ponto depois da neblina; gotas de chuva molhando os rostos. Entre a música abafada pelas portas de vidro e o barulho da chuva atingindo o solo, uma atmosfera de silêncio engloba o par.
Não um silêncio asfixiante ou constrangedor ou mera falta de assunto. Até porque assunto nunca faltava; eram duas pessoas tímidas, caladas, mas com muito a dizer. Conversar, algo que ele achava difícil e muitas vezes excruciantemente irritante, era algo fácil e natural de se fazer com ela. E ela... ela sabia que ele a ouvia, de verdade. Não apenas assentia com a cabeça ou fingia prestar atenção: Ele se importava.
O silêncio aqui presente é aquele que nasce quando já não há mais nada a dizer; o silêncio que surge após todas as coisas certas terem sido ditas. Um silêncio nascido da perfeição.
Até que, por mais que ambas as partes queiram adiá-las, palavras escapam e cortam o ar, dilacerando a quietude; só se pode esperar da perfeição um momento.
"Tenho que ir." Seus lábios mal se abrem, seu corpo se vira e, com pressa, caminha até a porta. Uma de suas mãos a faz deslizar.
A mão direita dele se lança à esquerda dela. Encarando os longos cabelos castanhos dela, diz:
"Não esqueça: Nós sempre teremos Londres."
Ele não pode ver, mas ela sorri.
"Te vejo em Whitechapel"
As mãos se soltam.
3 Comments:
nc[nocomments]
dá pra imaginar tanta coisa. e sonhar tanto.
E sabe que esse texto me fez lembrar um conto que li esses dias. Acho que era Clarice Lispector. Amizade sincera. Excelente. Procure, se quiser.
Post a Comment
Subscribe to Post Comments [Atom]
<< Home