Monday, December 27, 2004

Onde você está?

Lembrei de você, dia desses. Você simplesmente apareceu, assim, do nada. Sem convite nem motivo, como sempre faz. Então que eu percebi... Já fazem anos. Porra, a vida é cruel... As vezes achamos que certas pessoas estarão ao nosso lado pra sempre... Mas elas simplesmente passam por nós.

Parece que foi outro dia que você apareceu, mudou minha vida como nenhuma outra conseguiu fazer, e antes que eu notasse... Foi embora. Heh. Pensando bem, não podia ter sido de outro jeito.

Porra, O que você viu em mim? Eu era só um cara normal, do tipo que você nunca acha na multidão, por quê têm dezenas de outros iguais. Insuportavelmente chato e sem-graça. E você era diferente de tudo. Eu te achava louca. Você falava sem parar, dizia coisas loucas... E fazia loucuras.

Você lembra? Aquele dia... Nós ainda mal nos conhecíamos e eu ainda estava descobrindo que estava com os quatro pneus arriados por você... Eu estava andando, distraído, como sempre... E você vinha na direção oposta com suas amigas, conversando e rindo. Quando nós estávamos nos aproximando... Você me agarrou. Me deu aquele seu abraço mais apertado, do tipo que pode matar qualquer um asfixiado. Eu congelei. Não sei como não borrei as calças do susto. E depois de alguns segundos assim, você deu aquele berro: "EU TE AMOOOOOO!!!" Tenho certeza que a minha cara ficou tão vermelha quanto o seu cabelo, enquanto suas amigas riam sem parar. Depois disso, você simplesmente me soltou e voltou a andar com as tuas amigas, como se nada tivesse acontecido. E eu fiquei ali, por um bom tempo, apenas parado...

No dia, eu achei que você estivesse apenas tirando sarro da minha cara. Mas hoje... Acho que não. Você era assim. Espontânea, impulsiva. Era isso o que te fazia "louca", você fazia sempre o que te desse na telha, sem se importar com o que os outros pensariam daquilo. Heh... O Destino é mesmo um sádico filho da puta... No começo eu te achava estranha por ser "louca"... Mas, por sua causa eu acabei mudando, e hoje me chamam de "louco"...

Olhando agora... Não consigo descobrir quando me apaixonei por você. Será que foi simplesmente ao vê-la, gatíssima como sempre, pela primeira vez? Não... Você sempre foi linda, mas foi algo mais profundo... Foi ao olhar nos seus olhos azuis, aqueles dois oceanos não-pacíficos, que me faziam querer mergulhar, explora-los e desvandar-lhes os mistérios? Não... Também não... Acho que foi quando eu te vi sorrir pela primeira vez...

Em todas as mulheres que passaram por mim depois de você, procurei um sorriso que me fizesse sentir de novo o que eu sentia ao ver o teu... E falhei miseravelmente. Teu sorriso... Era impossível ficar mal ao seu lado. Quando você sorria, TUDO estava certo com o Mundo. Meu riso nasceu do teu. Hoje, dizem que eu sou um palhaço. Sou irônico, faço piadas sempre e não levo nada a sério. Culpa sua. Eu comecei a ficar assim por que queria te ver sempre sorrindo, e te fazer rir naqueles raros momentos em que estava triste.

Até brigar com você era divertido. E a gente brigava pra caralho... Xingávamos, gritávamos, falavamos merda... Mas quando chegava na hora dos tapas, a gente sempre acabava se agarrando...

Sei que é brega, clichê e talz, mas... Sinto falta dos teus lábios. Dos teus beijos. Do seu cabelo, que apesar de estar sempre mudando, na minha memória será sempre ruivo. Me arrependerei sempre de coisas que disse, e principalmente, do que deixei de te dizer. Não acredito em segundas chances, ou que em algum ponto do futuro o Destino possa te colocar ao meu lado de novo. Mas, em meus sonhos, é com você com quem eu tenho a minha primeira transa.

Mais um ano que acaba... Mais um ano sem você. A vida adulta vai chegar, em breve. Os anos no colégio serão apenas uma memória distante. Você vai continuar me alegrando e atormentando? Você é a única que a minha Memória não conseguiu aprisionar. As outras, inclusive as mais recentes, são apenas Lembranças que eu visito apenas quando quero, por breves momentos. Você não. Eu me pergunto até quando você vai continaur a me visitar em noites frias como essa... Pra sempre, talvez?

And you... Do you think of me?
Do you dream of me?
I'll be always dreaming of you.

Wednesday, December 08, 2004

Breakdown

Achei um rascunho velho, mofando no PC esses dias. E resolvi termina-lo... Acho q soh consigo escrever qdo estou mal msm...
Ficou uma merda, mas como eu não tenho nada pra postar aqui, lah vai...
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Deviam ser umas duas da madrugada. Mesmo assim, as luzes da cidade lhe davam uma bela vista. A lua, mais bela de todas as obras do firmamento, parecia brilhar com ainda mais força que o usual. Gentilmente, sentia o frio toque das musas do vento, enquanto beijavam-lhe os lábios, acariciavam seu rosto e brincavam com os seus cabelos. O único som audível era a sua respiração lenta, ritmada. Estava tudo tão calmo...

Era uma boa hora para morrer.

Encurvado sobre o parapeito, simplesmente fitava o horizonte, sem mexer-se mais do que o necessário. Sua aparência transparecia a mais completa calma; seu interior estava arrasado por um turbilhão de dor, confusão e dúvidas. Talvez permanecesse ali, olhando o horizonte, até que o sol nascesse, trazendo consigo um novo dia.

Um novo inferno.

Lentamente, fechou os olhos. Ainda queria chorar, mas não conseguia mais... Lembrou-se dos acontecimentos recentes, viu que não restava mais nada... Tudo havia dado errado...

Normalmente, ele simplesmente teria continuado... Iria seguir em frente com a vida, sempre com um sorriso no rosto... Iria lutar pra passar de ano, pra resolver os problemas... Normalmente, ele teria conseguido deixar tudo aquilo pra trás...

Mas não agora. Não tinha mais de onde arrancar forças. A soma de tudo, de todos esses sentimentos, de todas as decepções... Era cansaço. Estava cansado de viver. Cansado de respirar. Cansado de lutar eternamente, e no fim, sempre acabar perdendo. Nada mais importava... Não havia mais nada.

Apoiou as duas mãos no parapeito. Tomou sua decisão. E...

"Pedro?" A voz feminina veio de trás dele, acompanhada pelo som de uma porta de correr se fechando. Pedro estava tão imerso em si mesmo, que ao ouvi-la, gelou. Levou alguns segundos para conseguir se virar, e quando o fez, a dona da bela voz já estava bem atrás dele.

Por alguns instantes, Pedro se perdeu em dois oceanos. Azuis, belos, e profundos... Ao perceber que estava fitando-a, o transe se desfez, e perguntou:

"Júlia, o que você faz aqui?!" Não conseguia esconder o tom de surpresa, misturado ainda a um certo tremor e rouquidão.

Ela abriu um sorriso envergonhado, andou até o lado de Pedro, apoiando-se no parapeito e passou a olhar para o céu.

"Quando tenho insônia, gosto de vir aqui em cima... Sabe? Olhar as estrelas, relaxar..." E continuou, voltando o olhar para Pedro. "E você...?"

Abriu a boca, mas não saiu som. Olhou para o chão, e tentando disfarçar a voz, disse: "Eu...eu...também estou com insônia..." Tentou esboçar um sorriso para parecer o mesmo de sempre, mas ao invés disso, simplesmente alertou mais Júlia sobre o seu estado.

"Pedro? O que foi? Seus olhos estão meio vermelhos... Você andou chorando?"

Ele recuou um passo, enquanto negava com a cabeça. "Não...Não é isso...eu só...só" A cada palavra que dava, o estado em que se encontrava tornava-se mais aparente. Júlia, percebendo que o garoto logo iria ter um colapso, apertou-o contra si. Ao sentir o abraço, Pedro não conseguiu mais se conter, e deixou sua tristeza fluir.

Por muito tempo, simplesmente permaneceram abraçados. Pedro com o rosto enterrado no ombro de Júlia, chorando. Quando cansaram de ficar em pé, sentaram, continuando abraçados. Ficaram assim, sem trocar nem uma palavra, com júlia alisando os cabelos de Pedro, até que este eventualmente parou de chorar... Mesmo assim, continuaram abraçados, imóveis, apenas ouvindo a respiração um do outro...