Thursday, April 21, 2005

Dias De Merda

"Viver um dia de cada vez" é impossível. Cada dia é uma sequência de outro, e deixa marcas nos seus sucessores. Principalmente dias ruins. A 5 dias, depois de um dia e uma semana de cães, botei minha cabeça no travisseiro e pensei: "Pelo menos, acabou. Dias melhores virão."

Ha!Ha!Ha!Ha!Ha! Só que não acabou. As cicatrizes estão aqui. Minha vida está uma merda. Eu estou uma merda. Sei lá, minha energia está no fim. Meu humor está péssimo.

Olho para o espelho e me odeio. Sei lá, quem olha de volta pra mim não sou eu. São os restos de Igor Frassy. Cabelo, cara, cravos... Odeio tudo em mim mesmo.

Tanto faz passar o dia como um zumbi na frente do pc ou olhando para o teto. Tanto faz estar vivo ou morto. Não tenho sonhos, ou esperanças de conseguir algo nessa vida. Não há ninguém que realmente se importa. Não há ninguem que eu queira.

Aprendi a odiar o meu sorriso. Esse sorriso falso, que está colado na minha cara. Sorrio pra enganar a mim mesmo e aos outros.

Quero que se fodam. Todos.

Agora, com licensa que vou tentar salvar minha sanidade.

Thursday, April 14, 2005

O Longo Caminho

Tem uma música que eu não consigo cantar. Não dá, simplesmente. Não consigo nem lê-la em voz alta. Porque eu não posso proferir o primeiro verso, seria uma herisia, não, pior: uma mentira. Uma mentira pra mim mesmo. Posso ser qualquer tipo de fracassado, menos o fracassado iludido.

Essa música? "O Longo caminho", Paralamas Do Sucesso.

"Foi um longo caminho até aqui." Não posso proferir essas palavras. Por que não? Simples, eu ainda não cheguei aqui, ou melhor, lá.

Sinto que estou cruzando um caminho longo a tanto tempo que nem me lembro. O caminho é apenas uma estrada, no meio do nada, um deserto. Estou cansado, e quase desistindo. Só sobrevivo porque as vezes encontro alguns óasis, que me dão sombra, água e descanso.

Olho ao redor. É óbvio que a paisagem mudou. E as vezes, eu sinto que estou chegando nalgum lugar, sinto que estou melhorando, me tornando melhor.

Mas, tem horas que sinto que estou apenas vagando pra lugar nenhum, e que jamais serei quem quero ser. Tem momentos em que quero apenas morrer.

Talvez algum dia eu chegue onde quero. Talvez algum dia eu seja quem quero ser. E, se esse dia chegar, a primeira coisa que vou fazer é cantar essa música.

Friday, April 08, 2005

A Música e Eu- Parte 1

Eu vivia na Matrix. Aquele mundinho projetado para ser real, onde te aprisionaram pra te usar. Ele parecia real, mas eu sentia que havia algo errado com aquele mundinho no qual eu havia crescido. Então, me ofereceram um CD. E tudo mudou.

Eu fiquei abismado. Naquele disquinho minúsculo, rodando no meu playstation velho-de-guerra eu havia encontrado algo de enorme valor. Em Matrix, a verdade é revelada a Neo através de um pílula azul. Pra mim, foi um disquinho de valor inestimável.

Havia me encontrado, ou pelos menos parte de mim. Naqueles versos que eu ainda escutaria infinitas vezes, "Don't know what you're expecting of me", "You're smothering me", "I've become so Numb..." Eu via a parte de mim que sempre havia sido sufocada pelos pais, via o garoto que ia pra igreja para agradar a mãe, via o garoto que fazia de tudo mas que nunca era o bastante para eles. "Every step that I take is just another mistake for you..."

Foi um choque. Pela primeira vez, Música havia tocado minha alma. Não era apenas um sonzinho legal, pra balançar a cabeça. Era algo pra gritar com todo o ar dos pulmões, era pra chorar ouvindo.

E não era só isso. "I wanna heal, I wanna feel... I wanna find Somewhere I Belong" Também me mostrava o garoto que queria se encaixar. Que precisava encontrar o lugar a que pertencia.
Aos poucos, aquela máscara ia ruindo. Cada faixa dizia algo, cada faixa ia quebrando a máscara do "bom garoto". E quando aquele disquinho parou de rodar, e Numb acabou... Finalmente descobri a parte de mim que eu escondia de mim mesmo e do mundo.

E pela primeira vez, vi o mundo real. Terrível, feio e desesperador. Mas, pela primeira vez, me senti dono da minha vida. Eu havia escapado da Matrix.